Você sabe o que são gap fillers em Inglês? Gap é uma palavra comumente usada na nossa língua como símbolo de estrangeirismo e significa brecha, lacuna, fenda. É como um espaço vazio que separa outras duas coisas. Por isso é comum ouvirmos pessoas usando a palavra gap com o sentido de atraso ou até mesmo espaço de tempo entre dois intervalos. Já o verbo to fill contém o sentido de preencher, o que nos faz pensar que se algo é chamado de filler é porque a sua função é preencher algo. Assim, gap filler, em uma tradução direta, significa aquilo que preenche o vazio.
Vamos pensar o seguinte. Quando estamos falando, seja através de um discurso ou conversando com outras pessoas, é muito raro mantermos uma fala constante sem pausas e/ou inserção de palavras, interjeições e expressões. Por isso, para evitar uma verbosidade irritante, usamos termos ou sons que possuem a função de unir duas frases ou ocupar um intervalo de tempo (ainda que muito curto) para anular o silêncio presente nessa pausa. Alguns exemplos muito comuns em Português:
Gap fillers são palavras ou sons que usamos de forma a manter uma continuidade no discurso, eliminando o silêncio que poderíamos presenciar entre uma fala e outra. É uma ferramenta importante para se estabelecer coesão e articulação na sustentação oral.
Gap fillers ou English Fillers comportam aspectos da abordagem lexical que são naturalmente absorvidos quando se atinge um nível mínimo de compreensão e capacidade de construção oral calcada na ligação entre palavras, frases e sons. Isso porque o falante percebe a necessidade de manter um discurso contínuo desprovido de vãos ainda que preenchido, em certos casos, por interjeições.
Na língua inglesa, assim como qualquer outra língua, essas palavrinhas ou sons são uma mão na roda em se tratando da fala. Creio que um dos English fillers mais comuns na língua inglesa seja: well.
A palavra well pode ser usada de diversas formas. Uma das possibilidades mais recorrentes (não atuando como gap filler) é como no exemplo:
Ex: He dances very well.
[ele dança muito bem]
Entretanto, quando empregamos well na condição de gap filler, ela atua justamente para preencher um intervalo composto, como dito, pelo silêncio, enquanto você pensa no que vai dizer. Funciona como um artifício que lhe confere tempo e, superficialmente, anula aquela sensação ansiosa do tipo “o que vai ser dito por ele?”, diminuindo as chances de uma pessoa ficar olhando para a cara da outra sem dizer nada.
Entendeu para que servem e o que são gap fillers? Sintetizamos abaixo alguns benefícios que obtemos com o uso deles:
Veja alguns exemplos com o gap filler well e não esquece de conferir a sua funcionalidade escutando o áudio (essencial para você compreender o seu uso).
Ex: Well, since you insist, I will consider the matter.
[bem..já que você insiste, vou pensar no assunto]
Ex: Well, I think they had a good conversation.
[bem… acho que eles bateram um bom papo]
Um outro gap filler muito comum na língua inglesa é like. Já falamos sobre as diversas maneiras de usar a palavra like em Inglês e você pode conferir clicando—> aqui.
Like é um gap filler muito comum em Inglês. Alguns estudiosos da língua inglesa indicam que se trata de um vício de linguagem. Vício ou não, sei que você deve aprender a embutir esse gap filler em sua fala como forma de manter uma comunicação mais concatenada, ou seja, mais encadeada, sem brechas ou espaços que possam comprometer o sentido da sua fala ou argumentação.
Na língua portuguesa o equivalente seria “tipo”. Apesar de termos a impressão que apenas adolescentes, pessoas novas de maneira geral, fazem uso dese termo como em:
É comum ouvirmos pessoas de todas as idades usando ‘tipo’ na sua fala. Veja em Inglês como like se comporta quando empregado na função de gap filler.
Ex: Like, I told he could come but he wouldn’t listen to me.
[tipo, eu disse que ele poderia vir, mas ele se recusou a me ouvir]
Ex: Like, I didn’t see it coming.
[tipo, eu não esperava por isso]
Ex: There were..like…three or four guys who put off going.
[houve, tipo, três ou quatro caras que deixaram para outro dia]
Outro gap filler que você muito provavelmente usa ou já ouviu e ouve as pessoas usando é: I mean…
À propósito, já falei sobre as diversas formas de usar MEAN em Inglês em um outro texto. Leia mais no artigo—-> Como Usar mean, o que significa mean em Inglês?
Na nossa língua, tenderíamos a pensar em “quer dizer”, entretanto, na minha humilde opinião, “quer dizer” indica contraste ou substituição do que foi dito por outra coisa em função de um arrependimento meio que imediato (primeiro exemplo abaixo) – atua como correção. Ou ainda, em outra situação, podemos pensar inclusive em conclusão com fechamento do que foi dito (segundo exemplo abaixo) – com o sentido de “ou seja”.
Ex: Ele foi lerdo demais, quer dizer, foi ingênuo demais.
Ex: Ele comprou o leite da criança, comprou brinquedos novos e pagou o seu dentista. Quer dizer, praticamente adotou a criança.
Porém, ao usarmos o gap filler I mean, a intenção é simplesmente ajudar o seu cérebro ganhando tempo (mesmo que 2 segundos) na fala, isso porque você corta o silêncio que ocorreria caso você se concentrasse apenas à raciocinar, indicando que você ainda não terminou o seu discurso.
Ex: I talked to Bob about what happened..I mean… about last night’s incident, but it took a while for it to sink in.
[conversei com o Bob sobre o que aconteceu…digo..sobre o incidente de ontem a noite, mas demorou um pouco para cair a ficha]
Ex: The restaurant was nice but the food was bad..I mean..they should definitely try to improve their spice combinations.
[o restaurante foi legal, mas a comida ruim…tipo..eles deveriam melhorar o tempero]
Há diversos gap fillers em Inglês e, nesse texto, a nossa intenção foi simplesmente chamar a sua atenção para esse detalhe, já que, como você deve ter percebido, podemos encaixar essas palavrinhas de maneira estratégica ao falarmos Inglês. Para finalizar esse artigo, vou falar sobre um gap filler muito comum em Inglês que é o uso da palavra so ao final da frase. É natural falantes da língua inglesa usarem a palavra so ao final da frase para criar uma expectativa ou ar de conclusão e/ou consequência em sua fala.
Considere oexemplo retirado do site blog.dictionary.com, parcialmente modificado em que duas pessoas conversam sobre um encontro amoroso.
Jack: How was your date?
[como foi o encontro?]
Daniel: Well, she didn’t show up, so…
[bem, ela não apareceu, então…]
Se você se colocasse na condição do Jack e ouvisse a resposta do Daniel, de certo você captaria o que ele quis dizer com o o uso da palavra so ao final da frase. É que por meio da fala do Daniel fica subentendido que ele “dançou”, “se deu mal”, “ficou chupando o dedo”. É essa a consequência que o Jack poderia aduzir do que foi dito por Daniel. Na verdade, não apenas isso. É que como cada um pode interpretar de um jeito, poderíamos pensar que a dedução feita por Jack pode ter sido no sentido de que “ela não foi, então, consequentemente, não ouve encontro”. Simples assim.
O mais engraçado disso tudo é como alguns gap fillers da língua inglesa (se é que todos são exclusivos do Inglês) passaram a habitar a fala de falantes de outra língua. Em São Paulo, por exemplo, ‘uh’ ocorre de maneira recorrente quando um paulista fala.
Outros gap fillers muito comuns em Inglês (dá play no áudio):
Ex: Last week I tried to visit my parents but..um…that proved impossible.
[semana passada tentei visitar os meus pais, mas acabou se mostrando inviável]
Ex: It’s our first wedding anniversary so…you know..I was wondering if I could leave earlier today.
[Hoje é o nosso primeiro aniversário de casamento então, você sabe, eu tava pensando se tem algum problema eu sair mais cedo hoje]
Há de fato um debate a respeito da real necessidade de usarmos gap fillers em nossa fala, isso porque podemos questionar se não estaríamos embutindo palavras ou sons que quebrariam a sequência do discurso, ainda que venham a “tampar o silêncio” ou “reduzir uma brecha”. Não estaríamos tornando a nossa fala mais fragmentada? Não estaríamos optando por uma técnica que poderia no dar tempo para pensar em detrimento da clareza?
Eu prefiro pensar que o uso desse macete é positivo, pois auxilia o nosso cérebro a começar a pensar em Inglês, além de nos permitir soar como um falante nativo da língua inglesa. Eu comparo o uso de gap fillers ao desempenho e gingado do jogador de futebol. Como em um traquejo, ele joga a bola para cá, joga a bola para lá e ganha alguns segundos para pensar no que fazer. Ele não fica estático (como teríamos no caso do silêncio absoluto). Ele mostra que está trabalhando o raciocínio, procurando pelo passe certeiro à encaixar.
De qualquer forma, todos podemos divergir a respeito de qualquer assunto e críticas construtivas são sempre bem vindas.
Quer ver mais a respeito de gap fillers? Sugerimos a leitura desse texto —-> clique aqui e que você assista ao vídeo abaixo (super informativo!).
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Parabéns pela dica! Muito interessante saber sobre esse assunto. Parabéns também pelo site. Só tomei conhecimento dele hoje pois esta sua dica aqui foi citada na dica de hoje do Inglês na Ponta da Língua. Agora tenho mais um site de referência para aprender e melhorar meu inglês. Excelente!
Obrigado pelo comentário Marcelo! O Denilso de Lima é um mega entendedor do assunto!
Muito bom! já até assinei o newsletter haha. Obrigado cara.
Welcome aboard!
Ótima dica! Se alguém quer avançar no idioma e soar o mais próximo possíve de um nativo, gap fillers são uma boa pra isso. Vou começar a utilizar quando falar inglês. Muito obrigado!