No artigo de hoje estarei falando sobre um conceito relativamente novo que vem aparecendo com bastante frequência seja na mídia ou em conversas vinculadas ao mundo da inovação.
Estaremos falando sobre frugal innovation.
É sabido que, historicamente, multinacionais investiram no desenvolvimento de novas técnicas e métodos capazes de renovar e recriar, onde a base de suas operações eram os países denominados ricos como os Estados Unidos.
Logo em seguida, vendiam estas inovações aos países considerados pobres como a China.
A idéia por trás do termo frugal innovation está associada justamente ao oposto deste sistema de transação.
Frugal innovation também chamada de reversal innovation é uma idéia na qual realizamos justamente o contrário, isto é, o esboço dessa inovação está localizado em países pobres e o produto final (invenção que chega ao mercado – a própria inovação) é então encaminhado aos países ricos.
Trata-se de “assumir as necessidades dos consumidores pobres como um ponto de partida e trabalhar de trás para frente: ao invés de acrescentar mais sinos e apitos, os praticantes (da inovação frugal) despem os produtos deixando apenas seus elementos essenciais.” (artigo publicado pela The Economist em 17 de Abril de 2010).
A General Eletric desenvolveu um centro tecnológico na cidade de Bangalore – capital do estado indiano Karnataka, centro da indústria de alta tecnologia da Índia. John F Welch Technology Centre, como é chamado o local, foi inaugurado em setembro de 2000 e desde então tem ajudado a GE a reduzir drasticamente o chamado go-to-market time (tempo que um produto gasta desde a sua concepção até chegar ao mercado) além de economizar rios de dinheiro e desenvolver produtos para os mercados mundiais.
De acordo com Harold Torres, economista e demógrafo com doutorado na Unicamp e especialização na Universidade de Harvard: “Essa tendência permitiu o desenvolvimento de um novo aparelho de eletrocardiograma pela GE Índia, cujo preço de entrada é de 800 dólares, muito mais baixo que o modelo convencional de 2.000 dólares. Esse conceito também está por trás do Tata Nano, veículo de 2.200 dólares, e de celulares de baixo custo da Nokia. Na China, a BYD produziu novos formatos para a bateria de litium-ion (usada em computadores), reduzindo seu custo de 40 para 12 dólares.”
Recentmente em uma entrevista cedida ao site The Economist, Vijay Govindarajan professor da Tuck School of Business – situada em Hanover no estado norte-americano Hampshire estabeleceu uma linha de raciocínio, quando perguntado sobre questões associadas às limitações de gastos para com o setor de saúde estadunidense, na qual destacou que os três pilares (baixo-custo, acesso e qualidade) nos quais
a reforma nos cuidados de saúde norte americano é hoje apoiada, são os mesmos que irão fundamentar a criação do setor de saúde indiano e chinês. Consequentemente, as soluções que irão ter origem na Índia e na China futuramente redefinirão as práticas ligadas ao setor de saúde norte-americano.
A inovação frugal objetiva produzir produtos e fornecer serviços a custos cada vez mais baixos, com vista a servir milhões de consumidores em economias emergentes.
De acordo com o economista português José Ferrai Carreto:
“Através de uma reformulação dos processos produtivos, inventando novos modelos de negócio e orientando a inovação para a descida dos custos, estes produtores podem colocar no mercado produtos que, com preços cada vez mais baixos, estarão ao alcance de milhões e milhões de consumidores. Margens baixas multiplicadas por quantidades enormes fazem o resto.”
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