Quando falantes nativos de português começam a estudar inglês, podem enfrentar um fenômeno curioso conhecido como pareidolia verbal. Trata-se da tendência do cérebro de identificar padrões familiares, mesmo onde eles não existem de forma objetiva. Em termos linguísticos, isso ocorre quando ouvimos ou lemos algo em outro idioma e projetamos palavras ou sons conhecidos da nossa língua nativa sobre a palavra ou frase desconhecida.
No aprendizado do inglês, isso pode acontecer com bastante frequência, especialmente em situações em que a exposição auditiva ao idioma é intensa, como ao ouvir músicas, filmes ou podcasts. Um exemplo comum é quando brasileiros ouvem trechos de músicas em inglês e ‘enxergam’ palavras em português onde, na realidade, elas não existem. Um caso famoso desse tipo de confusão é o refrão da música Stayin’ Alive, de Bee Gees, no qual muitos brasileiros dizem ouvir algo como ‘tenis da Nike’. Claro que a letra original em inglês não tem essa tradução, mas o som das palavras acaba evocando essa associação para os falantes de português.
A pareidolia verbal pode atrapalhar o aprendizado de inglês de várias maneiras. Quando um estudante projeta sons ou palavras conhecidas sobre palavras novas em inglês, isso pode levar à confusão de vocabulário e até mesmo à interpretação incorreta de significados. Por exemplo, se um estudante ouve a palavra template e associa à palavra plate (prato), ele pode acabar confundindo o sentido da palavra, já que template significa ‘modelo’ ou ‘padrão’ em inglês. Isso pode criar obstáculos para a compreensão auditiva e até mesmo para o aprendizado correto da pronúncia.
Outro exemplo é o caso de hotel e hostel. Embora essas duas palavras sejam parecidas na grafia e na pronúncia, seus significados são diferentes, com hotel referindo-se a um tipo de acomodação mais formal e hostel sendo um alojamento mais simples e barato. A confusão causada pela pareidolia pode fazer o estudante entender mal a situação, especialmente em viagens ou ao fazer reservas.
Por outro lado, a pareidolia verbal também pode ser útil em algumas situações. Essa tendência de buscar padrões familiares pode ajudar o estudante a criar associações entre palavras novas e termos já conhecidos, o que, em certas circunstâncias, pode facilitar o aprendizado. Por exemplo, se o estudante escuta a palavra stand em inglês, pode associar o som à palavra estante em português, o que pode ajudar a lembrar de uma possível relação com ‘ficar em pé’ ou ‘suporte’, embora a associação não seja perfeita.
A pareidolia verbal pode ser uma ferramenta de memorização, especialmente para estudantes que utilizam estratégias criativas para aprender novos vocabulários. Por exemplo, em uma música ouvida repetidamente, mesmo que a pessoa inicialmente perceba palavras ‘erradas, com o tempo e prática ela poderá corrigir e fixar as palavras corretas.
Um aspecto interessante da pareidolia verbal é que ela também pode ocorrer em outros contextos auditivos, como quando se tenta “entender” mensagens subliminares em músicas tocadas ao contrário, um fenômeno que ficou muito popular na cultura pop. Embora essas mensagens ocultas sejam geralmente uma ilusão auditiva, a tendência de projetar padrões conhecidos reflete o mesmo princípio da pareidolia.
Além disso, esse fenômeno não é exclusivo de quem está aprendendo uma segunda língua. Ele pode acontecer com falantes nativos de qualquer idioma, mas é mais comum e perceptível quando estamos em contato com uma língua estrangeira, justamente por causa da familiaridade limitada com os sons e as palavras.
Para evitar que a pareidolia verbal atrapalhe o aprendizado, é importante treinar o ouvido com práticas de escuta frequentes. Uma ótima maneira de fazer isso é ouvir músicas em inglês com a letra em mãos, verificando o que realmente está sendo dito. Assistir a filmes e séries com legendas em inglês também pode ajudar a reduzir a confusão auditiva. Quanto mais o estudante se expuser a sons autênticos da língua inglesa, menos ele projetará padrões errados e mais rapidamente compreenderá o idioma.
Outro ponto importante é evitar traduções diretas sempre que possível e focar na compreensão contextual das palavras. Isso impede que o estudante se apoie excessivamente nas associações com o português e desenvolva um entendimento mais nativo do inglês.
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