Criança e Inglês: quando começar a estudar a língua inglesa?

Você já se perguntou algo como a partir de quantos anos uma criança deve iniciar os estudos da língua inglesa? “Uma criança deve estudar Inglês desde os primeiros aninhos”, “o quanto antes melhor”. Essas são algumas das afirmações que costumo ouvir com bastante frequência. Não apenas de amigos e amigas que são pais, mas quando o assunto é “criança e Inglês: quando começar?” as respostas são sumárias: as soon as possible.

Me parece que um número relevante de pais adota o consenso o qual aponta que a prática leva à perfeição e, assim sendo, o domínio de outras línguas também se encaixa nesse mantra.

É verdade, a prática consistente leva à perfeição. Entretanto, como podem crer que a didática “o quanto antes melhor” é infalível, ou seja, 100% eficiente?

Na minha opinião, a despeito de estudos que analisam positivamente a relação custo-benefício em se tratando de crianças e língua estrangeira, alguns fatores devem ser destacados e, principalmente, questionados.

Com qual idade a criança deve começar a estudar Inglês? O quanto antes melhor?

O primeiro deles é ser capaz de fazer uma análise crítica do real motivo que leva um pai ou mãe a decidir pela inclusão da criança na rota dos estudos da língua inglesa.

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Algumas possíveis explicações são:

1. Eu não aprendi Inglês, mas isso não irá acontecer com o meu filho; 


2. Meu filho é superdotado,  finaliza com facilidade todos os jogos infantis que possui, só pode ter QI elevado;


3.  Que lindo e fofo é ver o meu filho falando as primeiras palavras em Inglês;


4.  Educação vem em primeiro lugar e o estudo de língua estrangeira é fundamental;

Os motivos que levam pais a decidir pelo início imediato ou postegar essa empreitada são diversos, apenas levantei alguns deles.

Quando me perguntam sobre quando exatamente comecei a estudar a língua inglesa, com qual idade e sob quais circunstâncias essa foi a decisão dos meus pais, nunca sei exatamente o que dizer.

Explico. Nasci no ano de 1985 e naquela época à meu pai foi concedida a oportunidade de estudar para o mestrado no Canadá e logo em seguida veio o doutorado. Meses após o meu nascimento, mudamos para Kingston em Ontário.

Voltamos quando eu já tinha 8 anos de idade e minha mãe fez questão  de que os filhos continuassem a estudar a língua inglesa. Meu irmão mais novo é canadense.

 

Criança e Inglês: quando começar os estudos? Celebrando o meu aniversário na escola.

Não sei elencar os motivos que me lavaram a ter um melhor desempenho que os meus outros dois irmãos, porém ao longo desses 30 anos creio que obtive proficiência em Inglês e o mais engraçado: com facilidade.

A minha primeira professora de Inglês no Brasil teve um enorme trabalho no começo. É que quando criança eu sabia falar muito bem, porém o meu writting era terrível.

Foram anos de trabalho até atingir um nível satisfatório e, posteriormente, de total domínio.

Até hoje eu e a minha primeira professora brasileira de Inglês somos muito amigos e ela me conta histórias cheias de detalhes sobre o meu desenvolvimento (e olha que eu nunca fui um aluno exemplar no sentido de fazer todas as tarefas, frequentar aulas com boa vontade etc).

Dia das Bruxas com meus irmãos no Canadá: quando a criança deve começar a estudar Inglês? Com quantos anos?

Bom, agora que já falei um pouco sobre a minha relação com a língua inglesa, vamos voltar ao dilema criança x Inglês.

Fazendo uma análise superficial dessa minha história, tenderíamos a pensar algo como “eu disse, viu o caso dele? Começou desde novinho! Veja hoje os resultados!”.

Ocorre que aqui vale um heads-up!

Primeiro, as condições situacionais as quais eu estive exposto nem se comparam às típicas aulas de Inglês com frequência 2 vezes na semana.

Segundo, mesmo que uma criança no Brasil estude em uma escola bilíngue, novamente, as condições em nada se comparam a estar totalmente imerso em outra realidade.

Ouvir, falar e escutar Inglês durante 8 horas por dia é diferente de sentir o cheiro da língua 24 horas/dia.

Língua inglesa para crianças 24/7. Eu ao centro de boné do time de baseball Toronto Blue Jays e colegas de classe.

Teorias e mais teorias assim como ensinamentos pedagógicos podem se contrapor a essa análise que faço, mas só mesmo o resultado é capaz de confirmar se uma decisão foi acertada ou não.

Um ponto negativo que vejo no caso de crianças em contato com Inglês desde os primeiros anos é a facilidade com que assimilam o estudo da língua estrangeira a uma mera matéria que compõe uma grade de disciplinas, isto é,  fica embutida a ideia de exercer uma função puramente obrigacional. As chances de se mentalizar o estudo de uma outra língua como atividade mandatária é desfavorável, pois a criança passa a encarar esse contato como algo vulgarmente instrumental, ou seja, por questões de sobrevivência aprende-se uma palavra aqui, outra ali e pronto. Achar que isso não pode ocorrer é fechar os olhos. Não quero focar no banho de água fria, mas é importante antecipar possíveis consequências negativas.

É aí que, na minha opinião, está o pulo do gato. Por mais que se tente explicar a uma criança a real necessidade de se expressar em uma outra língua que não a sua, ela associa o estudo da língua inglesa a, como dito, o estudo da língua inglesa. Boring!

Se pelo contrário, expõe-se a criança às condições nas quais ela percebe por contra própria a necessidade de mais do que simplesmente compreender a língua inglesa, estabelece-se uma atmosfera de credibilidade da qual a criança passa a extrair elementos que indicam o mundo globalizado e todo misturado em que vivemos.

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Não é a primeira tentativa com um jogo infantil que vai assegurar o contato bem sucedido de uma criança com a língua inglesa. É um conjunto de vetores como: uso de redes sociais, aplicativos para celular, games e muitas outras coisas que ela curti nos dias atuais e que de fato usa naturalmente, as quais a pressionam a melhor compreender a “língua do mundo”.

Não raro vejo pais serem questionados pelos seus filhos porque eles insistem tanto em enviá-los para uma escola de Inglês quando eles mesmos nem sabem dar bom dia na outra língua. Touché!

Por isso, finalizo esse artigo reiterando a necessidade de identificar o real motivo que nos faz estabelecer um vínculo criança e Inglês logo nos primeiros anos de idade. Individualidade é tudo!

A decisão, de qualquer forma, é sua.

Good luck!

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Daniel Silva

Daniel Silva é brasileiro e mudou-se para o Canadá com sua família ainda criança, retornando ao Brasil após cinco anos no exterior. Desde então, o inglês se tornou uma parte essencial de sua vida diária. Ele já ensinou em diversas escolas de idiomas e é atualmente English Language Educator, além de ser o fundador do Portal Inglês no Teclado, criado em 2009. Para acompanhar todas as novidades e conteúdos exclusivos, siga-nos no Instagram::www.instagram.com/inglesnoteclado.

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